“Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?”
Mário Quintana
Desde os tempos mais remotos, o ser humano é fascinado pelo céu, seus astros e estrelas. Esse encantamento nos proporciona a oportunidade de conexão com essa imensidão do Universo, o que está além daquilo que podemos enxergar e até mesmo imaginar. Entre os elementos desse fascínio há um destaque especial para Lua, cujo admiração pode ser constatada nas mais diversas áreas, desde estudos acadêmicos até as produções artísticas, recebendo a atenção e afeição de músicos, poetas, pintores etc.
A cada vinte e nove dias e meio, a Lua completa sua órbita em torno de nosso planeta. Podemos observar que durante esses dias tanto o seu brilho quanto a sua forma apresenta variações que podem ser distinguidas em quatro maneiras, formando assim as fases lunares. Cada uma de suas fases, minguante, nova, crescente e cheia, além de despertar nossa curiosidade, também nos coloca em contato com uma das mais básicas leis da Natureza – tudo é cíclico! Esse movimento estabelece um ritmo e influência a todos nós, todos os habitantes do nosso planeta. Aliás, a expressão popular “Fulano é de lua!”, é utilizada para indicar uma pessoa que muda rápida e constantemente de humor e sempre me intrigou porque no fundo, todos nós somos de lua, todos somos influenciados(as) por ela, o que pode ser diferente é a percepção da intensidade dessa influência, uma vez que há pessoas cuja sensibilidade e o senso de conexão, tanto consigo mesmo quanto com a natureza e o universo, estão cada mais aflorados.
O que acontece externamente reflete o que acontece internamente e assim temos a base desta filosofia de vida conhecida como “Sagrado Feminino”, que já vem sendo praticada e seguida por milhares de anos por muitas mulheres. Ter a compreensão que, assim como a Lua, nós não somos exatamente a mesma e também oscilações e mudamos tanto emocionalmente quanto fisicamente (como nos períodos pré, durante e pós menstruação, a menarca, a gestação, a menopausa), é fundamental para entendermos e aprendermos cada vez mais sobre nós (autoconhecimento), sobre nosso corpo, nosso comportamento, nossas emoções, nossos pensamentos e nossos ciclos femininos. Além disso, tudo isso pode ser alinhado, de forma muito harmoniosa com a natureza e isso pode trazer inúmeras respostas para a nossa jornada e inclusive nos ajudar a compreender como cada fase interfere na nossa produtividade, descanso, criatividade e no desenvolvimento das nossas ações e atitudes. Surge uma nova consciência, que de fato é algo muito sagrado porque promove a evolução humana, nossa missão coletiva – quando uma mulher se cura, isto é, reestabelece essa ligação natural (e isso pode ser feito a qualquer momento) – ela auxilia na cura de todas as outras! Eu aprendi com a minha mãe e reverenciar a Lua, principalmente a cheia, pois nessa fase ela sempre tem um momento para “conversar com a lua”. Confesso que no começo eu achava isso meio estranho, mas observava e participava. Hoje compreendo o sentido e sou grata por ter tido a oportunidade desse aprendizado, que depois mais tarde se consolidou com os ensinamentos de uma querida mestra, que é minha segunda mãe e me ensinou sobre a profundidade dessas conexões.
Meu pai também, a sua maneira, como pescador amador, respeita cada ciclo da Lua. Ele diz que já passou pela experiência de pescar em todas as fases e que é perfeitamente possível identificar o quanto esse nosso satélite intervém na pescaria de forma a estabelecer os melhores (e piores) momentos para pescar. Ainda segundo ele, na Lua Cheia é o momento propício, pois o brilho da Lua está mais intenso e assim atrai os peixes para a superfície. Além da pesca, também é comprovado a força e influência da Lua no movimento realizado pelas marés e na agricultura.
Na astrologia, a Lua é um dos pontos de destaque na análise do mapa da pessoa e entre os seus simbolismos, podemos citar o nosso “eu” feminino e o inconsciente, assim como os reinos da emoção, sentimento e desejos. Uma associação bem interessante e que nos leva a refletir sobre nossas ações é a associação da Lua como o arquétipo da Mãe, isto é, ela está relacionada com a nossa mãe biológica de fato, mas também com a nossa capacidade e nossa experiência de receber nutrição como uma criança e de dar nutrição como um adulto. Vale estacar que essa perspectiva das nossas atitudes frente a ação de nutrir é válida tanto para homens quanto para mulheres, uma vez que os dois aspectos, masculino e feminino, são contemplados em nosso caráter.
De acordo com os herbalistas, as plantas associadas à Lua possuem características associadas aos elementos “frio e úmido”. Algumas dessas plantas constituem a matéria aromática utilizada na extração do óleo essencial, como por exemplo a Melissa e as Camomilas. Interessante observar que o óleo essencial de Camomila Romana (Chamaemelum nobile) é um dos óleos mais calmantes da Aromaterapia e um dos mais seguros e recomendados para o tratamento de crianças, o que vai ao encontro do simbolismo do papel da mãe relacionado com a Lua.
Ao contemplar a Lua, seja quando for, não se preocupe em realizar rituais certos ou algo do gênero. Inale o óleo essencial de Camomila, nutra você e a sua criança interior com amor, converse com ela do seu jeito, com as suas palavras, com o seu coração sentir e faça como o poeta Mário Quintana, permita-se se encantar pela Lua, como se estivesse observando-a pela primeira vez!
Namastê!
Profª. Kátia Veloso
Aromaterapeuta e Terapeuta Maha Lilah.
1 Comentário
Texto maravilhoso. Não há quem não se encante com a lua, Deus nos deu de presente para podermos apreciar e se encantar com uma de suas obras mágicas Amo a lua, meu signo é regido por ela é isso me fascina sobremaneira. Gratidão mãe lua que tantas vezes me orientou e me consolou.
Namaste