Nas últimas semanas nos deparamos com acontecimentos que foram amplamente divulgados nas redes sociais e nos noticiários da TV sobre dois jovens, curiosamente com o mesmo nome, Matheus, e que também têm em comum o fato de terem sido vítimas de atitudes preconceituosas.
Segundo o dicionário Aurélio, o preconceito é uma opinião ou pensamento acerca de algo ou de alguém, construída a partir de análises sem fundamento, conhecimento nem reflexão. E complementa: Convicção fundamentada em crenças ou superstições; cisma. Podemos verificar também que o preconceito está imbricado na história da humanidade.
No processo de desenvolvimento do ser humano, algumas situações vão sendo trazido à tona e nos colocando a prova no sentido de serem feitas sob medida para que seja promovido aprendizagens que realmente possam nos levar a esse aprimoramento. Tais situações também são denominadas “lições” de vida. Assim como nas escolas, algumas lições podem ser mais trabalhosas e desafiadoras do que outras e nesse caso, essa lição – compreender que raça, classe, religião e qualquer outro aspecto jamais será justificativa para que alguém seja discriminado.
Também é importante destacar que isso já foi e vem sendo assimilado por muitas pessoas, mas como ainda nos deparamos com casos como esses comentado acima, ainda temos um caminho considerável a percorrer e a pergunta que surge é: Será que a aromaterapia pode nos ajudar nessa questão?
Na semana passada, durante uma conversa sobre esses casos, uma pessoa me perguntou justamente isso, se a aromaterapia poderia ser usada para auxiliar situações como essa, se os óleos essenciais podem ajudar a apreender essa lição de igualdade entre os seres, sem perder a dimensão de que nossas diferenças somam, nos fazem especiais e cada um com a sua peculiaridade, é um colaborador em potencial para essa base igualitária.
Essa pergunta instigante rapidamente me trouxe à mente um ponto fundamental para ser levado em consideração e dois óleos essenciais já vieram à tona – formando assim os elementos que compuseram minha resposta.
O ponto nos leva a seguinte reflexão: o ser humano não nasce racista e vários experimentos e pesquisas já demonstraram isso. Portanto essa atitude é decorrente de pensamentos, crenças, valores que foram transmitidos e incorporados a nossa bagagem. Isso é um processo e muitas vezes é preciso que outro processo seja promovido para que tudo isso possa ser ressignificado, o que demanda paciência (uma virtude que fica cada vez mais distante numa era do automático e instantâneo). Processo e paciência – palavras-chaves.
Sobre os óleos essenciais (OE), se apresentam para essa missão o Limão Siciliano (Citrus limon) e a Menta (Mentha piperita) e para sua eficácia, o aspecto acima deve ser levado em conta quando pensamos na possibilidade de uso desses óleos.
Por que pensei nesses óleos? Certamente tal pensamento emerge em função de estudos e experiências vivenciadas ao longo da trajetória aromática que continua sendo realizada até hoje.
Entre as propriedades terapêuticas do OE de limão, podemos destacar o fato de ser digestivo, depurativo e desintoxicante. Essas características são fisiológicas e como também estamos aprendendo a enxergar o ser humano de forma integral, sabemos que digerir alimentos e pensamentos estão correlacionados. Depurar crenças e valores é primordial para que a ressignificação seja feita e muitas vezes esse processo é intenso e profundo, exigindo que um verdadeiro trabalho de desintoxicação seja feito para que o mindset de crescimento possa ser estabelecido da melhor forma possível. Limão desintoxica o fígado e por ser associado à raiva, uma emoção que muitas vezes está ligada ao preconceito e ao racismo, esse óleo pode trazer suporte para lidar com essa situação. Em relação as propriedades vibracionais, auxilia a tratar traumas, choques e crenças – traumas e choques que podem ser a base das crenças que conduzem o comportamento preconceituoso. Para essa finalidade, podemos utilizar o óleo na difusão de ambiente, no colador aromático ou no inalador pessoal.
O OE de menta, com o seu aroma penetrante, também promove a saúde do fígado, pois atua como um regenerador hepático. Após a desintoxicação, é possível que a regeneração física, mental e emocional seja profundamente necessária. Algumas pessoas sentiram raiva por tanto tempo que se acostumaram com ela e se sentem perdidos quando ela não mais se manifesta por meio da agressividade que machuca e chega inclusive a ofender ao outro. Orgulho acompanha o preconceito e o racismo e pode levar alguém a pensar e se sentir superior ao outro (o que na verdade é reflexo de um sentimento de baixa-autoestima, mas isso é tópico para outra postagem). O OE de menta auxilia a dissipar a arrogância e presunção e para isso, a melhor forma de uso é uma massagem na região do joelho, símbolo de humildade, como bem explanado por Christine R. Page, autora do livro Anatomia da cura: O Significado da Doença Física, Mental e Espiritual. Além disso, a menta dissipa a intolerância, outra característica presente no preconceito que suscita a falta de respeito.
Ao final, em nossa conclusão da conversa, novamente nos deparamos com o fato de que a aromaterapia, como mencionado em textos anteriores e novamente ressalto aqui, proporciona suporte e amparo para nossa jornada (física, mental, emocional e espiritual) e certamente isso incluiu o aprendizado de algumas lições que podem até ser mais desafiadoras e talvez por isso mesmo sejam as mais transformadoras também. Vale o esforço!
Na busca pelo refinamento das nossas atitude e comportamentos, os óleos essenciais são nossos aliados, só precisamos utilizá-los com segurança e para isso a recomendação de consultar um profissional qualificado é sempre relevante.

Namastê!
Kátia Veloso
Educadora, Aromaterapeuta e Terapeuta Maha Lilah.