O texto de hoje apresenta uma proposta reflexiva na celebração desta data, o Dia de Finados ou, como também é popularmente conhecido, o dia de Los Muertos.
Para muitas pessoas, que já estudaram ou são entusiastas e apaixonadas por Aromaterapia, ao pensar na data de hoje, na questão da morte, da passagem deste para o outro mundo (se esta for a sua crença), é muito comum a associação com o óleo essencial de Cipreste (Cupressus sempervirens), o que de fato procede e está correto. Na semana passada encerramos mais uma etapa (a 6ª turma) do curso Aromaterapia e os Quatro Níveis de Cura (o último do ano), e essa associação foi abordada e inclusive exemplificada. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos pela participação e para destacar um dos apontamentos que foi feito:
– De acordo com a metafísica e segundo a aromaterapeuta Jefferies¹, o óleo essencial de Cipreste nos ensina que “mudar é inevitável” e estamos aqui justamente para isso: “mover-se de um estado para outro e de uma experiência para outra”.
O mais importante é que não estamos sozinhos nessa jornada, por mais solitária que, às vezes, ela possa parecer e isso porque podemos contar com o suporte e a proteção do Cipreste nesse caminhar. O mundo se move e muitas vezes até mesmo em um ritmo rápido demais para alguns de nós (como o exemplo da pandemia) e sair da nossa zona de conforto, sair das nossas “caixas”, para nos adaptarmos as essas mudanças e também acompanhá-las, tornou-se fundamental (alguns classificariam até mesmo como uma questão de sobrevivência).
Como a transição é certa, temos duas opções: aceitá-la (por meio da compreensão e adaptação, sempre buscando o entendimento e participação no processo) e seguir em frente, ou resistir e até mesmo lutar contra ela, o que geralmente acarreta dor e sofrimento. A mudança é uma ação da natureza, apenas isso. Se será positiva ou não cabe única e exclusivamente a forma pela qual nós decidimos olhar para ela e para onde direcionamos o nosso foco. Passar por uma transição envolve perdas e também proporciona ganhos – em qual do dois a sua atenção será maior e permanecerá, estabelecendo o cerne dessa mudança?
Os períodos de transição ao longo da nossa vida podem ser associados a pequenas mortes (algo ficará para trás) e quando isso ocorre, como por exemplo, mudanças de carreira, de casa, de estado civil e inclusive as transições que podem ser consideradas mais dolorosas, como luto ou término de relacionamento íntimo, o óleo essencial de Cipreste pode promover o auxílio necessário para que ambos, perdas e ganhos, sejam honrados, mas que o nosso direcionamento seja para o lado positivo daquela ação ou experiência.
Considerando essa premissa acima e sendo o Cipreste um dos óleos essenciais que fazem parte do livro Diário Aromático com os Óleos Essenciais das Escrituras Sagradas, mais de uma vez já me questionaram por que o perfil desse óleo não foi designado para o mês de novembro, o mês do dia de Finados. De fato, na jornada proposta pelo diário, o perfil e o exercício proposto para o óleo de Cipreste estão no mês de abril. Quando o livro foi escrito, a ideia era iniciar o percurso aromático em janeiro, portanto até abril já teria sido percorrido um trimestre todo (1/4 do caminho), o que não seria exatamente o começo, mas ao mesmo tempo estaria ainda no início para aprender a mais importante de todas as lições para qualquer viajante, qualquer um que se disponha a percorrer o caminho para o autoconhecimento: não apegar-se – nem mesmo pelo caminho! O desapego permite a fluidez da jornada e corrobora intrinsicamente para compreensão da transitoriedade de absolutamente tudo, quer a gente concorde com isso ou não. O óleo essencial de Cipreste vem ao nosso encontro para nos ajudar no aprendizado dessa lição e mesmo depois de aprendida, estamos sujeitos a alguns (ou vários) deslizes e o óleo dessa conífera generosamente nos ajuda a recordamos desse preceito.
Estudamos esse óleo essencial em abril no diário aromático para que possamos ter, simbolicamente, sete meses (de abril a outubro) para nos prepararmos e assim chegar em novembro, momento de celebrar a maior de todas as transições de nossa vida, a morte, com essa compreensão ou a caminho de compreender mais essa mudança do nosso caminho. Sete porque esse é um número cabalístico resulta da combinação do três (representado pelo triângulo que é associado ao Espírito) e do quatro, (representado pelo quadrado que é associado a Matéria), para que o desapego possa ser praticado em todos os níveis.
A proposta é que possamos vivenciar esse sentimento (desapego) todos os dias, pouco a pouco, até que sejamos capazes de experenciar um dia como hoje onde a saudade se faz presente, mas a maior emoção é a gratidão pela oportunidade de ter convivido com pessoas tão especiais, que nos ensinaram muito e que sabemos que continuam conectadas a nós pelo fio da teia da vida que nos une. Que privilégio! Pode honrar essas pessoas traz conforto ao coração e permite que honremos a nós mesmos porque fazemos parte dessa história.
Então, qual o óleo essencial que nos acompanha no mês de novembro no diário aromático? Nardo (Nardostychys jatamansi). Segundo o evangelho de João (12:1-3), Jesus foi a povoado de Betânia, onde morava Lázaro, aquele que havia morrido e fora ressuscitado por ele antes desse encontro. Felizes por sua chegada, preparam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com Jesus e Maria lavava os pés do Mestre com Nardo puro e depois enxugou-os com seus cabelos. O aroma do Nardo impregnou a casa naquele momento e hoje esse mesmo aroma nos remete a reflexão de que o fim de uma jornada e apenas a porta de entrada para outra e assim como Lázaro, morrer e reviver faz parte do percurso. Segundo Gumbel², o óleo essencial de Nardo fortalece a fé e a conexão com o Divino e a sua escolha para esse momento é justamente por dois motivos:
1º) Para nos lembrarmos daqueles que se foram e estão em uma outa etapa (outro plano) do caminho. Que aroma do Nardo possa fortalecer a fé de que um dia estaremos todos juntos, celebrando em um banquete, como descreveu João. A história já mostrou que isso é possível e outros povos, como vikings, também acreditavam que após a morte estariam todos juntos celebrando em um grande banquete em Valhalla³, a casa dos deuses nórdicos. O interessante é observamos que o ponto em comum desses momentos é a alegria do reencontro!
2º) Que o aroma do Nardo reforce em nós a conexão com o Divino e assim como Lázaro, sejamos capazes nos transformar e de ressuscitar a cada experiência de transição da nossa vida.
Namastê!
Profª. Kátia Veloso
Aromaterapeuta e Terapeuta Maha Lilah.
¹ JEFFERIES, Jennifer. Aromatherapy Insight Cards: For Intuitive Aromatherapy. Living Energy Natural Therapies, Australia, 2000.
² GUMBEL, D. Principles of holistic skin therapy with herbal essences. Germany: Karl F. Haug, 1993.
³ McCOY D. Valhalla. Disponível em < https://norse-mythology.org/cosmology/valhalla/> Acesso em 31 de outubro de 2020.
3 Comentários
Que mensagem linda! Acredito no reencontro ainda que num futuro bem distante, até mesmo depois de várias reencarnações, pois cada um de nós está num momento diferente de evolução e até chegarmos ao mesmo patamar vai um tempo. Os mais adiantados às vezes podem fazer uma visita aos mais atrasados, se for para ajudá-los. A ajuda desses óleos nos casos de outros tipos de rupturas também é muito interessante, já que a nossa vida é cheia de chegadas e partidas, para podermos cumprir cada etapa de aprendizado. Acho que os dois óleos essenciais formam uma boa dupla, pois um completa o trabalho do outro, facilitando as transições que teremos de fazer em nossa jornada terrestre a fim de evoluirmos.
Muito rica está reflexão. O óleo essencial de cipreste vem nos mostrar que a saudade pode ser doce se mantivemos equilibrados e em sintonia com o Divino .
Sua beleza, exuberância e retidão nos ensinam que somos capazes de seguir em frente mesmo qdo sentimos vontade de nos curvarmos diante da dor .
Linda mensagem! Mas não sei se todos iremos nos reencontrar, pois cada um tem seu grau de evolução, no meu entendimento, mas sim, devemos honrar a todos os que vieram antes, senão não estaríamos aqui…