Yoga é a viagem do ser, através do ser e para o ser.
Bhagavad Gita
Quando iniciamos um caminho voltado para autodescoberta e de fato nos comprometemos com essa busca é incrível observar dois aspectos: o quanto efetivamente o Universo conspira a nosso favor e os eventos que se desdobram nos caminhos que são percorridos ao longo dessa jornada.
Na década de 90, particularmente para mim, os estudos sobre oráculos se intensificaram e fiz um curso que contemplava a associação de Runas, Tarô e Numerologia com uma mentora incrível! Uma pessoa tão especial que até hoje temos contato e eu a considero minha segunda mãe, inclusive eu a chamo de mãe porque eu realmente me sinto como se fosse sua filha. Durante o curso tive a oportunidade de fazer o meu Mapa Numerológico, algo que recomendo veementemente a todos(as). Foi uma experiência esclarecedora. Em função das informações obtidas e com base no número da Alma, ela recomendou que eu praticasse Yoga para trazer alinhamento e centramento para o meu ser. Confesso que em um primeiro momento não achei a ideia atrativa porque pelo parco conhecimento que tinha dessa prática naquela época eu a achava muito parada. Mas “quando o mestre indica, o discípulo obedece”, mesmo que seja só para conhecer, testar, verificar e depois dar a sua opinião.
Complementando a consulta numerológica, eu recebi o desenho de uma talismã elaborado com base nos dados do meu mapa e a orientação para que fosse feito em prata e ouro. A professora indicou um ourives para realizar o trabalho porque ele, além de ser um ótimo profissional, já estava familiarizado com a simbologia. Eu agendei um horário e fui até lá. Conversamos sobre o talismã no momento em que eu entreguei o desenho para ele e trocamos mais algumas palavras um pouco depois, quando fui retirá-lo e assim descobri que aquele espaço, chamado Núcleo Satsampatti (que significa: o ser que caminho para ser mestre de si mesmo) também oferecia aulas de Yoga. Decididi dar uma chance para conhecer essa prática, fiz a minha matrícula e na semana seguinte, lá estava eu.
Durante a nossa vida temos vários momentos que são absolutamente significativos e alguns são tão relevantes que são verdadeiros “turn-points”, isto é, momentos de virada, momentos que transformam a nossa vida de forma tão profunda e reveladora que se tornam verdadeiros marcos. Ir para essa aula foi um desses momentos! Logo na primeira aula eu tive uma sensação muito agradável e não sabia muito bem explicar o que era aquela conexão. Após o primeiro mês eu estava encantada com todo o movimento que engloba a aula: a conversa, o início voltado para acalmar a mente, os exercícios de respiração (pranayamas), de postura (asanas), os mantras, a meditação, o relaxamento, o estudo dos textos filosóficos, tudo muito fluido e harmonioso.
As pessoas próximas a mim sabem que eu divido a minha vida em antes e depois de começar a praticar Yoga e para alguns isso é nítido! De uma forma muito sutil, com delicadeza e encanto, a prática foi se tornando cada vez mais importante e a sua influência pôde ser sentida em todos os níveis de existência. De fato, foi possível constatar na prática o real significado da Hatha Yoga, que é união. Uma união que reverbera e promove a conexão. Tudo se conecta a tudo! Todos e tudo estão conectados de forma intrínseca. O fato de nem sempre ser possível perceber essa conexão não quer dizer que ela não exista.
Essa compreensão foi estendida para Aromaterapia e mais uma vez a vida me presenteou com a oportunidade de fortalecer e ampliar essa percepção das conexões que integram o ser humano e une o físico, mental, emocional e espiritual.
Praticar Yoga e fazer uso dos óleos essenciais permite exatamente que seja feita essa viagem para nós mesmos e o mais interessante, passando por nós! Somos o início, o caminho e o ponto de chegada e quando chegamos, outra viagem começa e assim as descobertas se tornam constantes e o processo deliciosamente interminável e gratificante.
Vale destacar que para praticar Yoga é necessário apenas você e mais nada. Inclusive você pode começar exatamente aí e agora, onde estiver. Ter uma roupa flexível, um tapete, sua garrafa de água, um incenso, uma música e outros apetrechos ajudam e pode ser legal, mas repito – não é necessário. Há pessoas que se preocupam com o local ideal, a roupa certa a música adequada, o tapete padrão e se perdem nessa busca, deixando escapar o mais relevante do processo – a ação e a permanência.
Porém confesso que o clima das aulas era muito atrativo. As músicas suaves, que só mais tarde descobri que eram mantras, a iluminação e o aroma do ambiente já incutiam uma sensação de paz e tranquilidade. Essa lembrança permanece até hoje e estudando Aromaterapia, ficou claro o motivo pelo qual isso acontecia.
Com base nessa memória, trago aqui a indicação do uso do óleo essencial de sândalo (Santalum álbum), conhecido como Sandalwood. A árvore de onde o óleo é extraído e a prática da Yoga compartilham da mesma origem, a Índia. Ambos são sagrados para esse país e hoje a árvore do sândalo foi declarada “propriedade nacional” pelo governo com o intuito de preservá-la da exploração predatória. Há outras espécies de sândalo, que também são aromáticas, como o sândalo havaiano (S. paniculatum) e o australiano (S. spicatum), porém o S. album foi a fonte primária desse óleo, sendo inclusive mencionado nos Vedas, as escrituras sagradas mais antigas do hinduísmo. É considerado um excelente óleo para meditação.
Soma-se a isso o fato de que o aroma quente, balsâmico e amadeirado do Sândalo auxilia na união dos reinos físico e espiritual, alcançando além de nós mesmos no todo universal. Por isso, segundo Worwood, é indicado para as pessoas que tem dificuldade ou não conseguem visualizar a conexão entre a concepção do universo e a concepção da humanidade. Somos todos um. Assim como em uma teia de aranha, onde cada fio se entrelaça no outro formando pontos de intersecção, somos nós vivendo essa experiência terrestre. Muitas vezes a vibração em um único fio reverbera por toda teia, mesmo que uns fios sejam mais atingidos do que outro. Tudo o que fazemos, nossas ações, palavras, atos, pensamentos, sentimentos também reverberam e estão compondo e tecendo essa grande teia onde estamos inseridos.
Com a ajuda dessa dupla incrível – Yoga e Sândalo, temos a oportunidade de compreender e vivenciar essa delicada e ao mesmo tempo forte conexão e isso nos leva a um outro patamar de reflexão: O que eu estou reverberando para o Universo? Qual a minha contribuição para essa teia?
Seguimos em frente na busca de compreensão, paz e união.
Até a próxima!
Namastê!
Kátia Veloso
Educadora, Aromaterapeuta, Terapeuta Maha Lilah
¹WORWOOD, Valerie Ann. Aromatherapy for the Soul. New World Library, California, 1999.
1 Comentário
Katia! Ao ler a sua história , foi possível sentir que a Yoga foi o seu caminho ao encontro de si mesma e o óleo essencial de sandalo , o seu cajado..Lindo !!! Adoro sandalo! Ao usa-lo pra meditar , sinto que as portas do invisível sao abertas para que eu possa percorrer os caminhos ociltos que me levam às profundezas da minha alma. Parabéns pela sugestão!